quarta-feira, 20 de março de 2013

A relação entre uma mãe e uma filha

Entre uma mãe e uma filha há muitos mundos... O da paixão, da fusão, da ilusão de que não há limites de compreensão, nem de amor. O do afeto, da amizade, da delicadeza, da realização, da continuidade, do resgate, do carinho, da beleza, da maternidade e infinitos outros. Há, também, o universo da raiva, da rivalidade, da cobrança, do conflito, da inveja, da disputa, da dependência... 
O que faz com que mãe e filha sejam referências da sabedoria popular quanto à dedicação e ao carinho e, ao mesmo tempo, lugar de intensas dificuldades, batalhas e culpas? 
Cada dupla de mãe e filha é reeditada na geração seguinte; o que estava no palco na geração anterior, se não houve nenhum trabalho de elaboração dos conflitos e das dificuldades, tende a se repetir de uma maneira desconcertante na próxima.
Um filho é, em parte e principalmente no início da vida, uma extensão de nós mesmos, é um projeto de continuidade, de descendência. Se os pais têm maturidade psíquica para reconhecer no filho um outro, diferente deles mesmos, as fronteiras psíquicas entre pais e filhos podem desempenhar uma importante função na qualidade desse relacionamento.
Os limites entre o eu e o outro não são fáceis, nem simples, principalmente entre pais e filhos e especificamente entre mães e filhas.
A relação com a mãe é idealizada, não há o reconhecimento de que a fusão é um sério problema, uma complementa a outra. As queixas que mobilizam a busca de análise são aparentemente desvinculadas do relacionamento mãe e filha.
À medida que o trabalho avança, vão aparecendo os projetos que são específicos da filha e que não são compartilhados com a mãe; a partir desse momento podem começar intensas brigas ou simplesmente um afastamento devido às diferenças e à individualidade da filha que está mais fortificada e definida.
Não é possível oferecer a uma filha o que não se tem, o que não se herdou da própria mãe ou não se adquiriu ao longo da vida.
A relação entre uma mãe e uma filha tem sempre aspectos difíceis, é verdade, mas quem disse que o difícil também não é surpreendente, realizador e prazeroso?

Fica a dica